Novo estudo: bilhões de pessoas consomem menos micronutrientes que o recomendado

 

Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Harvard T.H. School of Public Health revelou que mais da metade da população mundial está consumindo níveis abaixo do ideal de micronutrientes essenciais para a saúde humana. Publicado na revista The Lancet Global Health, o estudo “Global estimation of dietary micronutrient inadequacies: a modelling analysis” oferece uma análise detalhada e global sobre as deficiências de 15 vitaminas e minerais importantes, como iodo, vitamina E, cálcio e ferro.

O que são micronutrientes e por que eles são tão importantes?

Micronutrientes são vitaminas e minerais indispensáveis para o bom funcionamento do corpo. Mesmo sendo necessários em pequenas quantidades, sua ausência pode causar uma série de problemas de saúde, como anemia, dificuldades cognitivas, problemas no coração e no sistema imunológico. Esses nutrientes desempenham um papel crucial na produção de energia, saúde óssea, imunidade e reparação celular.

A deficiência de micronutrientes tem consequências graves, variando de complicações na gravidez até um maior risco de infecções e cegueira.

Principais deficiências de micronutrientes no mundo

Os dados revelaram uma situação alarmante: bilhões de pessoas em todo o mundo estão com níveis inadequados de micronutrientes essenciais. Alguns dos déficits mais comuns incluem:

• Iodo: 68% da população mundial consome menos do que o necessário.
• Vitamina E: 67% não atingem a ingestão recomendada.
• Cálcio: 66% apresentam ingestão insuficiente.
• Ferro: 65% da população global consome abaixo do necessário.
• Riboflavina, ácido fólico e vitamina C: Mais da metade das pessoas no mundo não consomem o suficiente.

Diferenças entre homens e mulheres

O estudo também destaca diferenças importantes entre homens e mulheres. Mulheres tendem a ter maior inadequação de nutrientes como iodo, vitamina B12, ferro e selênio. Já os homens apresentam maior inadequação de magnésio, vitamina B6, zinco e vitamina C. Isso pode estar relacionado às diferenças nas necessidades nutricionais, padrões alimentares e consumo alimentar entre os gêneros.

Nutrientes mais deficientes em mulheres:

• Iodo
• Vitamina B12
• Ferro
• Selênio

Nutrientes mais deficientes em homens:

• Magnésio
• Vitamina B6
• Vitamina C
• Zinco

A ciência por trás da deficiência de micronutrientes

A pesquisa utilizou dados de 31 países, cobrindo 99,3% da população global. Embora o estudo não tenha considerado o uso de suplementos e alimentos fortificados, ele ressalta a importância da conscientização e do acesso a esses recursos, especialmente em regiões onde a fortificação de alimentos ainda não é amplamente adotada.

Em países de baixa e média renda, por exemplo, apenas 32% das gestantes consumiram suplementos de ferro por mais de 90 dias, e 55% das crianças pequenas receberam suplementos de vitamina A. Esses números reforçam a necessidade urgente de intervenções que melhorem o acesso e o conhecimento sobre suplementos essenciais, especialmente para as populações mais vulneráveis.

Funções dos principais micronutrientes

Aqui estão alguns dos micronutrientes essenciais mencionados no estudo e suas funções no corpo:

1. Iodo: Necessário para a produção de hormônios da tireoide, regulando o metabolismo.
2. Vitamina E: Atua como antioxidante, protegendo as células contra danos.
3. Cálcio: Essencial para a saúde óssea e muscular, prevenindo doenças como a osteoporose.
4. Ferro: Importante para a produção de hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio no sangue.
5. Riboflavina (B2): Contribui para o metabolismo energético e saúde da pele e dos olhos.
6. Vitamina C: Fortalece o sistema imunológico e auxilia na produção de colágeno.
7. Folato (B9): Vital para a formação de DNA e RNA e para prevenir defeitos no tubo neural durante a gravidez.

Um alerta e uma oportunidade

Este estudo apresenta uma análise robusta sobre o estado global da ingestão de micronutrientes e revela um cenário preocupante de deficiências nutricionais que afetam bilhões de pessoas. É um alerta para a gravidade das deficiências nutricionais globais, e mais do que isso: é uma pesquisa que traz ferramentas para que profissionais da saúde e políticos possam tomar decisões mais informadas e eficazes, baseadas na ciência. 

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